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quinta-feira, 13 de maio de 2010

A Cultura dos Kahunas



O primeiro ocidental a desvendar os segredos da filosofia de vida dos havaianos (Huna) foi o americano Max Freedom Long. O cotidiano ancestral já havia sido destruído por missionários religiosos e pela invasão de valores ocidentais há um bom tempo quando ele chegou ao Havaí, em 1917. Depois de 18 anos mergulhado em seus estudos nas áreas da psicologia e da etimologia, Long chegou à conclusão de que havia uma filosofia psico-religiosa, por traz do dia-a-dia ancestral e do simples ato de surfar.


A língua havaiana não é apenas um idioma, e sim um verdadeiro raciocínio lingüístico. Cada palavra é um "cacho" de significados, indicados pelos contextos em que se encaixam. Não existia um profano dissociado do sagrado, ou vice-versa. Um exemplo: em nossa sociedade, ora buscamos dinheiro, ora buscamos Deus, numa proporção cada vez mais descompensada. Os havaianos buscavam os dois o tempo inteiro. Tudo que eles faziam era com devoção.


Eles viviam na eternidade do agora, como sugeririam Eckhart Tolle, Deepak Chopra, Dalai Lama e os demais "gurus" de hoje. Na sabedoria havaiana, o aqui e o agora de cada tarefa do cotidiano, é o único território onde a fusão entre o profano e o sagrado, pode ser efetivamente realizada e perpetuada. Talvez a maior prova disso seja o fato de que, na língua havaiana não há termos para o futuro ou o passado.
As atividades do cotidiano (plantar, colher, construir, surfar…), por mais diversas que aparentem ser, são unidas no plano sagrado por "segundas intenções espirituais", que todas as tarefas têm em comum. Elas são a busca de uma energia metafísica que o havaiano chama de "mana". Essa energia, ignorada pelo mundo ocidental, é cultuada pelo mundo oriental na forma de "prana" na Índia, e de "chi" na China. Cada uma dessas três tradições considera essa energia vital, o alimento primordial da alma, que também sustenta o corpo.

A Filosofia

Huna quer dizer: Segredo, não no sentido de manter algo oculto, mas sim de descobrir um sentido mais profundo da nossa existência.
Conhecimento oculto ou realidade secreta é a realidade mais difícil de ser vista. Também significa princípio feminino somado ao princípio masculino, o que corresponde à manifestação da vida.
Leinani Melville diz que Huna é "profundidade". Serge Kahili King define Huna como “o que é oculto ou o que não é obvio; nome dado ao conhecimento dos Kahunas, filosofia de realização, utilizada em qualquer contexto, pessoal,científico, religioso".
Max Freedom Long assegura que "qualquer associado da Huna não deve desistir de sua fé tradicional, pois Huna é uma ferramenta, que pode ser usada por todos a qualquer hora em qualquer contexto." E esta definição é a mais correta e a que é mais aceita pelos que praticam o Kahuna!

Conceitos

1. A parte teórica nos diz que o ser humano é formado de três espíritos ou aspectos independentes entre si, mas interligados nas ações, quando um depende do outro para se desenvolverem e de um corpo físico quando reencarnados. Existe uma energia que chamamos de “mana” que é o elemento de coesão entre os três, tendo cada um sua própria mana. O corpo é uma imagem manifestada dessa coesão por meio de uma substância. Essa substância de origem divina permeia todo o universo e em consonância com a mana, torna possíveis as manifestações – a qual se denomina “substância aka”. Para que isso ocorra, cada espírito possui um corpo-aka que ,lhe é peculiar, e tem funções determinadas. Sendo a Huna uma teoria de transformações, costumamos denominar cada um desses elementos pelos seus nomes na Língua Havaiana.

Esses conceitos chegaram até nós por intermédio dos estudos de Max Freedom Long, Serge Kahili King e outros, que buscaram na antiga tradição havaiana os elementos teóricos. Essa conceituação teórica se sintetiza na prática no que se denomina “Prece Ação”.
Como todo sistema é arbitrário e relativo por ser interpretativo, a Huna também o é. Isso nos dá a liberdade de sermos ou não adeptos da Huna, conforme nossa interpretação desses ensinamentos.

2. Na parte prática, temos entre outros elementos, a Prece Ação já citada acima, com a qual obtemos bons resultados. Ela é usada principalmente, para curas e alívio de qualquer tipo de sofrimento. Obtemos resultados eficazes, pelo fato de trazer um enfoque diferente de como se deve fazer uma prece. Isso só se torna possível depois de conhecermos os conceitos da Huna. A leitura atenta e livre dos Evangelhos, nos mostra que esses princípios da Huna não foram esquecidos por Jesus.
A parte prática da Huna está concentrada no xamanismo. O xamanismo ensinado pela Huna refere-se ao Xamanismo Havaiano. Tudo começou quando se reuniram grandes mestres Kahuna para sintetizarem os ensinamentos em alguns princípios, que pudessem traduzir o pensamento e as atitudes ,que deveriam ter aqueles que se dedicassem a usar a Huna.

Princípios

O princípio básico da Psicofilosofia Huna é não ferir, isto é, não causar sofrimento a si mesmo, aos outros e à natureza.
Podemos evitar isso não nos omitindo nas situações que exigem de nós atitudes coerentes, que promovam o nosso equilíbrio e do meio em que vivemos. Não devemos nos exceder em ocasiões, em que depende de nós um bom senso, para que tudo transcorra serenamente. Não podemos permitir que sejamos usados para ações que causem prejuízos por exacerbação das mesmas. Qualquer ação que pratiquemos depende de uma intenção; assim, é a intenção a mãe de todos os problemas e virtudes que acontecem. Concluímos então, que é na intenção que está tudo que praticamos na vida e, é nela que devemos focalizar toda nossa atenção. Para que não caiamos na omissão ou no excesso, que nos conduzem ao desequilíbrio físico e mental, quando praticamos ações que provocam sofrimento e danos a nós mesmos e em geral.
Assim sendo, é a intenção o alvo de nosso “orai e vigiai” para que possamos crescer e evoluir na constante busca da felicidade. A Huna tem princípios e ensinamentos que nos ajudam nessa busca de uma maneira mais suave e simples, deixando de ser o sofrimento o paradigma de crescimento e evolução.




Mahalo nui loa 🌸🌈






Ana Rosa Figueira

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